As cooperativas do segmento educacional fazem parte do Ramo Trabalho, Produção de Bens e Serviços e do Ramo Consumo. Segundo dados do Sistema OCB/MT de 2021, estão registradas 13 cooperativas voltadas para a educação, com 2.811 cooperados, gerando 248 empregos diretos, e com a estimativa de 4.500 alunos.
O cenário de atuação das cooperativas educacionais é bem diversificado, e passa pela educação infantil ao ensino superior, prestação de serviços às empresas e provem a intercooperação com outras cooperativas.
Independente do Ramo que atuam as cooperativas educacionais têm como principal missão oferecer uma educação de qualidade e contribuir para a formação de cidadãos mais cooperativos, com preços justos. Além disso, funcionam como um modelo de trabalho empreendedor para os professores.
“As cooperativas educacionais surgiram a partir da necessidade de um ensino público de qualidade. Soma-se a isso a pouca capacidade financeira das famílias em manter as crianças no ensino particular, comprando materiais escolares com alto custo para seus bolsos”, disse o representante das cooperativas Educacionais de Mato Grosso, José Arnaldo dos Santos, que também é presidente da Cooperativa de Trabalho dos Profissionais da Educação do Município de Sinop.
José Arnaldo dos Santos ressalta que “é preciso que as escolas cooperativistas sejam vistas como um agregador de valor para a promoção do modelo de negócio, para sustentabilidade do cooperativismo, para propiciar a formação de novos e futuros gestores que compreendam as ações de um modelo cooperativo que faz a distribuição de renda e traz resultados como nenhum outro modelo, de forma equitativa”.
Para a Diretora Acadêmica da Faculdade do Cooperativismo (I.COOP), Tatiane Perondi, “as escolas cooperativistas são um excelente espaço para se desenvolver a cultura cooperativista, que se constitui em um modelo de educação participativa, com promoção ao diálogo e os valores do cooperativismo, que são a base do saber e do fazer pedagógico”.
Ela ainda pondera de que “as práticas promovidas nas cooperativas escolares, são práticas com os objetivos dos alunos, dos pais, dos professores, que participam e criam um ambiente onde as pessoas têm abertura para colocar suas ideias e construir seus espaços diferenciados. Acredito que hoje, um dos desafios que nós temos na educação é trazer essa cultura de cooperação para os nossos alunos, já que temos o intuito de tornar o aluno mais altruísta, que se preocupa com o papel dele na sociedade. Essa necessidade de engajamento também se estende aos pais, para que sejam responsáveis pela educação de seus filhos”.
O Coordenador de Pós-Graduação do I.COOP, professor Elton Castro, a temática educação, formação e informação cooperativa estiveram em reflexão no campo do cooperativismo. “Associado a educação no Brasil, desde a educação básica até o Pós-Graduação, convivem com grandes problemas ligados a economia, saúde, saneamento básico é o próprio sucateamento o ensino público. A grande maioria da população brasileira não tem recursos próprios para custear ensino particular. Desta forma, uma das alternativas seria um investimento em cooperativas educacionais, que de acordo com Anuário da Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB (2021) representam em torno de 21% no Ramo do Trabalho seguido da produção e bens de serviços”.
O professor Elton Castro acredita que as Cooperativas Educacionais têm como missão dar condições de custear o ensino com preço acessível, com ensino de qualidade para os cooperados. “Uma das premissas das cooperativas educacionais é não visar lucro. Já o corpo docente atua de forma a promover a educação por meio da democracia, ética, cidadania, respeito, cooperação e desenvolvimento da comunidade local”, disse Castro.