A Coordenação de Meio Ambiente da Gerência de Desenvolvimento de Cooperativas (GEDEC) do Sistema OCB promoveu capacitação virtual, na tarde desta terça-feira (24.10), com o objetivo de orientar os colaboradores quanto aos modelos de negócio existentes e as boas práticas para o correto registro dessas cooperativas. O evento foi voltado aos técnicos das Organizações Estaduais (OCEs) e, na oportunidade, a Cooperativa Agropecuária Mista Terranova (Coopernova), a única do ramo Agropecuário do Brasil com esse modelo, apresentou seu case de sucesso.
A iniciativa faz parte de uma série de projetos-piloto que o Sistema OCB vem desenvolvendo, com objetivo de se atualizar em relação às principais tendências de negócios e de ampliar competitividade e sustentabilidade. Nos últimos sete anos, surgiu um novo modelo de cooperativa: as de geração distribuída compartilhada, formadas por grupos de pessoas interessadas em gerar sua própria energia elétrica, o que, por sua vez, ampliou a procura por orientações nas Organizações Estaduais do Sistema.
O coordenador de Meio Ambiente do Sistema OCB, Marco Olívio Morato, e a analista Laís Nara apresentaram um programa de energias renováveis e compartilharam projetos pilotos em cooperativismo de energias renováveis no Brasil. Eles expressaram gratidão às entidades parceiras pelo apoio e contribuição para a promoção de práticas sustentáveis. A apresentação enfocou cooperativas de geração distribuída, seus modelos de negócio e boas práticas, abordando também aspectos legais relacionados ao tema, como o sistema de compensação de energia elétrica funciona e os modelos de negócios que as cooperativas podem adotar.
A palestra destacou a importância das energias renováveis e da infraestrutura cooperativa no Brasil para reduzir as emissões globais de carbono. Segundo Marco Olívio Morato, as cooperativas de infraestrutura possuem um papel muito relevante. “Sua função é essencial para a melhoria da qualidade de vida e o apoio às atividades produtivas. Tivemos uma significativa evolução das cooperativas de distribuição de energia desde 1941, durante a desestatização e privatização do setor elétrico nos anos 90, com ênfase na segregação das atividades de geração e distribuição e a distinção entre cooperativas autorizadas, permissionárias e concessionárias”.
Atualmente, o Brasil desempenha um papel crucial na redução das emissões de carbono globais, impulsionado por suas características favoráveis para a geração de energia renovável, uma área de foco central para o Sistema OCB, como enfatizou o coordenador de Meio Ambiente do Sistema OCB, Marco Olívio Morato. “Nesse sentido, podemos destacar a importância das cooperativas de infraestrutura que fornecem serviços essenciais, incluindo geração e distribuição de energia, telecomunicações e saneamento básico”.
Apresentação de cases
Foram apresentados cases da Coopsolar (PB), SOL Invictus (GO) e Coopernova (MT). A representante mato-grossense foi apresentada como a única cooperativa agro do Brasil com o modelo de energia distribuída aos cooperados, como explicou a analista ambiental do Sistema OCB/MT, Thayza Avelar. “Atuando com a linha de queijos e demais derivados do leite, polpas de frutas e castanhas de caju, a Coopernova fornece energia gerada por meio de usina solar aos seus cooperados. O objetivo da cooperativa é atender inicialmente os cooperados que estão na atividade leiteira, visto que o custo de energia para manutenção dos resfriadores de leite é dispendioso. Posteriormente, o plano é expandir a distribuição para os demais".
Marco regulatório
Durante a capacitação, também foi destacada a Lei 14.300, estabelecida em janeiro de 2022, e que é considerada o marco legal da micro e mini geração distribuída no Brasil. A regulamentação completa, que ocorreu em fevereiro de 2023, trouxe segurança jurídica para o sistema de compensação de energia elétrica. A geração distribuída implica que os consumidores produzem energia renovável e injetam o excedente na rede da distribuidora, recebendo créditos para abatimento futuro. As modalidades incluem geração distribuída compartilhada, autoconsumo remoto e múltiplas unidades consumidoras. A geração junto à carga envolve a produção de energia em um local e seu consumo em outro.
O cooperativismo de geração distribuída requer que as cooperativas possuam ou detenham a posse do ativo de geração, o que as classifica no ramo da infraestrutura. Além do setor elétrico, também surgiram cooperativas de telecomunicações, derivadas da desverticalização do setor elétrico, e outras de saneamento básico, transporte, irrigação e construção civil. A resolução 482, da ANEEL, criada em 2012, permitiu que os consumidores produzissem energia renovável, levando ao surgimento dos primeiros painéis fotovoltaicos em residências. A revisão dessa resolução, em 2015, resultou na incorporação do cooperativismo no mecanismo de geração de energia. O bom relacionamento do sistema OCB com a agência reguladora ANEEL e o exemplo das cooperativas de distribuição de energia foram cruciais para essa inclusão. Um exemplo de cogeração qualificada é o uso de uma caldeira em uma cooperativa para um processo produtivo, com o calor sendo reaproveitado para gerar energia elétrica. Atualmente, 15% das cooperativas no Brasil estão gerando sua própria energia de forma renovável, totalizando 701 empreendimentos de cooperativas de diversos ramos. Desses, 73 são cooperativas que utilizam o sistema de geração distribuída para alto consumo, enquanto 67 foram constituídas após 2016, indicando uma tendência crescente de adesão a esse tipo de geração compartilhada.
SISTEMA OCB/MT - A Organização das Cooperativas Brasileiras de Mato Grosso – Sistema OCB/MT – é uma entidade formada por três instituições que fazem papéis distintos e ao mesmo tempo interligados, focados no suporte às cooperativas: OCB/MT - Sindicato e Organização das Cooperativas Brasileiras de Mato Grosso; Sescoop/MT - Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de Mato Grosso; e o I.Coop – Faculdade. ocbmt.coop.br instagram.com/sistemaocbmt facebook.com/Sistemaocbmt linkedin.com/company/sistemaocbmt