Cooperativas do agro de MT alinham ações futuras

A Organização das Cooperativas Brasileiras de Mato Grosso - Sistema OCB/MT, reuniu as cooperativas do setor agropecuário, e instituições públicas e privadas que fazem parte das atividades do campo, no Fórum do Ramo Agropecuário, com o objetivo de fomentar do setor, discutir as oportunidades de negócios, o cenário tributário e apresentar as ações do Sistema OCB/MT em prol do setor.

Um setor, que no ano de 2021, segundo dados da OCB/MT, contou com 62 cooperativas do segmento agropecuário, com 7.767 cooperados, gerando 3.403 empregos diretos, com R$ 5,6 bilhões de ativo total, R$307 milhões de capital social, R$ 1,9 bilhão em sobras (resultado distribuídos entre os cooperados dependendo da utilização dos produtos e serviços da cooperativa), e geração de R$ 3,3 bilhões de tributos.

Secretário da Sedec MT, César Miranda

Para o Secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de Mato Grosso - Sedec MT, César Miranda, que participou do evento, “o agro mato-grossense deve muito ao sistema cooperativista, onde há a união dos pequenos e médios produtores em cooperativas, para que possam se tornar grandes, porque reunidos ganham uma condição muito melhor não só de produzir como de comercializar.”

Miranda ainda ressaltou que “através do diálogo, da união do setor público e privado é que se constrói os caminhos, as condições políticas, financeiras, de crédito. Como exemplo, cito o diferimento nas operações internas com fertilizantes, que foi construído em conjunto com a OCB/MT e outros parceiros. São políticas públicas, através da união, principalmente dos cooperativistas, que transformaram esse Mato Grosso nos últimos 30 anos e vão se transformar cada

Presidente da Famato, Normando Corral

vez mais nos próximos 30”.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso – Famato, Normando Corral, disse durante o Fórum, que as cooperativas são fundamentais no desenvolvimento do estado. “O cooperativismo é a forma além da nossa capacidade individual e isso tem sido muito bem-feito no estado de Mato Grosso, com grandes exemplos de cooperativas fortes e eu não tenho dúvida nenhuma que o processo da agroindustrialização em Mato Grosso, vai passar pelas cooperativas. Todas as vezes que a Federação puder apoiar eventos como este Fórum, de desenvolvimento do cooperativismo, pode contar com a gente”, disse Corral.

Representante do Ramo Agropecuário e Diretor de Relações Institucionais do Sistema OCB/MT, Nelson Picolli, ressaltou a importância do Fórum para alinhamentos e proposições. “Quando as cooperativas participam de um fórum onde se reúnem as lideranças, os técnicos não só da OCB/MT, mas das

Representante do Ramo Agropecuário e Diretor de Relações Institucionais do Sistema OCB/MT, Nelson Picolli

entidades que fazem parte do dia a dia das cooperativas, como a Sefaz, a Sema, as entidades parceiras do agro, conseguimos trazer informações dos procedimentos e mostrar a importância que tem o segmento dentro dos órgãos governamentais e de representatividade do setor. Esta é uma oportunidade de as cooperativas opinarem, de mostrarem fórmulas diferentes como deveriam e poderiam ser tratadas, defenderam novas e mudanças de lei, que implicam muitas vezes impossíveis de colocá-las em prática dentro da propriedade. Aqui é a oportunidade de fazer os técnicos dessas entidades entenderem e levarem a conhecimento dos que têm competência de mudança de lei, para que seja mudada, adequada à realidade do campo e a realidade da atividade de cada segmento”, ressaltou Nelson Picolli.

No primeiro painel foi discutido ‘Aspectos legais e fundiários e seus impactos na agricultura de Mato Grosso’. O Superintendente do Imea, Cleiton Gauer, traçou um panorama do Zoneamento Socioeconômico Ecológico do Estado de Mato Grosso (ZSEE/MT), onde estão inseridas as cooperativas do setor agropecuário, em 40 municípios.

No primeiro painel foi discutido ‘Aspectos legais e fundiários e seus impactos na agricultura de Mato Grosso’

“As propostas do ZSEE, no decorrer dos anos, sofreram alterações. Quanto às áreas protegidas propostas, esta passou de 6,37 milhões de hectares em 2008, para 2,39 milhões de hectares em 2011 e em 2018, 2,17 milhões de hectares. Cabe ressaltar que essa área protegida proposta de 3,52 milhões de hectares representa 2,4% da área do estado”, disse Cleiton Gauer.

Lucélia Avi, gestora do Núcleo Técnico da Famato, disse que a Federação acompanha de perto a discussão e os impactos para os produtores com as diretrizes propostas em torno da revisão do mapa e regras do zoneamento. “Muitas vezes os maiores problemas ambientais são pendências documentais, nem sempre técnicas, e os produtores precisam acompanhar mais de perto todo processo de regulamentação, pois necessitam estar de acordo com o zoneamento para liberação de crédito e outras políticas públicas”, ressaltou Lucélia Avi.

A Secretária Adjunta de Gestão Ambiental da SEMA – MT, Luciane Berdinatto, disse que, "levar informação para o produtor rural é fundamental, principalmente para os pequenos produtores, com a linguagem do produtor, pois a maioria não tem acesso e entendimento do processo. Os produtores precisam entender o imóvel, sua propriedade rural, como entendem da produção, pois precisam cumprir as regras criadas e estabelecidas pelos poderes públicos. Estamos à disposição para levar informação a todas as cooperativas”.

Secretário Adjunto da Receita Pública da Sefaz/MT, Vinícius Simioni

‘Benefícios Fiscais e políticas públicas para cooperativas em Mato Grosso’, foi outro assunto abordado durante o Fórum, tratado pelo Secretário Adjunto da Receita Pública da Sefaz/MT, Vinícius Simioni. Ele mostrou as mudanças nos procedimentos fiscais e políticas públicas para fomentar o setor e ressaltou, como exemplo, que “tivermos a construção conjunta com a OCB/MT de medidas de simplificação e racionalização do sistema, como a edição do Decreto n° 1.297/2022 e do CT-e (Conhecimento de Transporte Eletrônico) transportadoras subcontratadas, a otimização do sistema objetivando obter dados relativos ao CT-e”.

“Nós da Sefaz vemos o movimento cooperativista com muito cuidado e com muita relevância. Primeiro pelo porte, que foi ressaltado, o volume de cooperativas aqui no estado, volume econômico, a quantidade de pessoas, de famílias que trabalham nessas cooperativas; segundo, que o cooperativismo é o meio de organização empresarial e social que traz desenvolvimento econômico e social. Quando isso acontece, o cooperado normalmente está mais bem instrumentado, com melhores técnicas, melhor capacidade de investimento, ele vai muito mais pela formalidade, mais bem organizado, exatamente pelo aumento da capacidade de gestão que a aumento da tecnologia traz. O cooperativismo é uma forma de organização muito importante para o Estado e que nós mantemos sempre a porta aberta para discutir, evoluir o sistema, tanto sobre o aspecto de desenvolvimento econômico, quanto tributário”, ressaltou Vinícius Simioni.

O Fórum também mostrou aos participantes como conhecer os caminhos e criar ‘oportunidades de exportação para o cooperativismo agro’. O assunto foi tratado por Raoni Florentino, do núcleo do Programa de Qualificação para Exportação (PEIEX) na Universidade Federal de Mato Grosso –UFMT. A PEIEX é um programa oferecido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – APEX, um Serviço Social Autônomo vinculado ao Ministério das Relações Exteriores por meio de um contrato de gestão, e executado em parceria com universidades, centros de pesquisa e federações de indústria em regiões com potencial exportador.

“O que gostaria de ressaltar é de que a exportação é possível e é uma escolha acertada para as cooperativas. Elas precisam entender o processo de exportação, pois exige cuidados em uma série de questões. O programa está à disposição para tentar ajudar as cooperativas no que for preciso, para que de fato o desenvolvimento aconteça aqui no Estado, e promover um ganho superior com o que produzimos”, disse Raoni Florentino.

Foi apresentado o ‘modelo de atuação Sescoop/MT’ pelo Superintendente Adair Mazzotti e o analista de monitoramento Dean Arruda

Dean de Oliveira Arruda, Analista de Monitoramento do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de Mato Grosso - SESCOOP/MT, apresentou o ‘modelo de atuação Sescoop/MT’. “Em 2021 o foram realizadas 859 atividades desenvolvidas pela área do monitoramento; no que se refere à formação profissional e promoção social, 4 mil pessoas beneficiadas, com 103 ações - cursos, pós, encontros, fóruns, palestras, workshop- , onde atendemos 119 cooperativas, que representam mais de 70%”, das Cooperativas registradas no Sistema OCB/MT”, disse Dean Arruda.

Adair Mazzotti, superintendente do Sescoop/MT, ressaltou a importância de eventos como o Fórum, salientando que “a relevância está em que as cooperativas têm a necessidade de expor as suas necessidades, suas demandas, e com isso ajuda a validar processos de decisão, principalmente do papel da representação, e nos traz a possibilidade de entender as demandas, estruturar atividades de apoio e serviços às cooperativas, e melhorando cada vez mais o nosso atendimento. Acreditamos que o futuro do cooperativismo é baseado em dados, informação e conhecimento”.

No Fórum foram apresentadas também as ações do Sistema OCB/MT em apoio ao setor e uma rodada de discussão sobre as próximas ações em prol das

Superintendente da OCB/MT, Frederico Azevedo

cooperativas, com uma visão de futuro. Entre eles, o projeto de implementação de plano estratégico 2022-24 e posicionamento do Sistema OCB/MT em apoio ao movimento cooperativista de Mato Grosso. “Saímos do Fórum com uma pauta extensa. Afinal, estamos falando das cooperativas responsáveis por 48% da produção agrícola do estado”, disse o superintendente da OCB/MT, Frederico Azevedo.

Ele acrescentou que, “foi um evento que mostrou a força do setor e do alinhamento das cooperativas com seus propósitos. Saímos com uma agenda cheia, onde temos ações, por exemplo, para fomentar a exportação, importação e implantação de maior industrialização, que são iniciativas que as cooperativas têm tomado cada dia mais, no sentido de melhorar sua rentabilidade, mais também de gerar resultado social, através da geração de empregos, geração de renda e estruturação das comunidades locais”.

Mais de 50 lideranças e técnicos das cooperativas do setor agropecuário participaram do evento e avaliaram como positivo encontros como o Fórum Agro.

“Para mim é tudo muito novo, achei muito bom, organizado. Percebemos que são pessoas que têm bastante conhecimento e que estão trazendo para nós as dúvidas mais pertinentes, as respostas, inclusive prospectando um pouco do futuro, os próximos cenários para que a gente possa ir se preparando. O Fórum foi muito válido”, disse Eduardo Casagrande, da Coopeagro Mutum.

Diego Rafael Guion Ribeiro da Silva, da Coanorte, também disse que o evento foi muito bom. “Além das palestras de qualidade, foi uma experiência única para trocas de informações, onde se reuniu diversas cooperativas com diferentes pontos de vista para tentar buscar um bem comum para todas. Essa troca de experiências, na minha opinião, foi excepcional”, opinou.

“Achei o evento muito bom este ano, especialmente porque tratamos de temas um pouco diferentes dos anteriores. Especialmente a preocupação com a parte de comercialização e exportação, o que é muito grande para nós. E nesse fórum ficou clara a necessidade de partirmos, cada vez mais, principalmente as pequenas cooperativas, de se unirem no sistema de intercooperação para poder atingir os objetivos, que é beneficiar o produtor que for associado”, falou o diretor executivo da Coabra, Hélvio Fiedler.