A CULTURA DE MATO GROSSO
A Cultura de Mato Grosso tem influências variadas de origem africana, portuguesa, espanhola, indígenas e chiquitana. Estas variações ganham expressão em danças, cantos e festivais folclóricos em diferentes localidades e regiões do estado.
DANÇA E MÚSICA
• Cururu
Música e dança típica de Mato Grosso. Do modo como é apresentado hoje é uma das mais importante expressões culturais do estado. Teve origem à época dos jesuítas, quando era executado dentro das igrejas. Mais tarde, após a vinda de outras ordens religiosas, caiu na marginalidade e ruralizou-se. É executada por dois ou mais cururueiros com viola de cocho, ganzás (kere-kechê), trovos e carreiras.
• Congo
Esta dança é um ato de devoção a São Benedito. No reinado do Congo os personagens representados são: o Rei, o Secretário de Guerra e o Príncipe. Já no reino adversário, Bamba, fica o Embaixador do Rei e doze pares de soldados. Os músicos ficam no reino de Bamba e utilizam: ganzá, viola caipiria, cavaquinho, chocalho e bumbo.
• Chorado
Dança surgida na primeira capital de Mato Grosso, Vila Bela de Santíssima Trindade, no período colonial. A dança leva esse nome, pois representa o choro dos negros escravos para seus senhores para que os perdoassem dos castigos imposto aos transgressores. O ritmo da música é afro, com marcações em palmas, mesa, banco ou tambor.
• Siriri
Dança com elementos africanos, portugueses e espanhóis. O nome indígena é referência aos cupins com asa, que voavam num ritmo parecido com a dança nas luminárias. A música é uma variação do cururu, só que com ritmo bem mais rápido. Os instrumentos utilizados são: viola de cocho, o ganzá, o adufe e o mocho. Os versos são cantigas populares, do cotidiano da região.
• Dança dos Mascarados
Dança executada durante a Cavalhada em Poconé. E uma apresentação composta apenas por homens - adultos e crianças. Tem esse nome por executarem a dança com máscaras de arame e massa. O ritmo é instrumental com o uso de saxofone, tuba, pistões pratos e tambores. O município de Poconé é o único do Brasil a realizar esse espetáculo.
• Rasqueado
Tem origem no siriri e na polca paraguaia. O nome do ritmo é referência ao rasqueado que as unhas fazem no instrumento de corda, uma forma tradicional de tocar instrumentos. Na sua essência utiliza os mesmos instrumentos que o siriri: viola de cocho, mocho, adufe e ganzá. Mas evoluiu para o uso de violões, percussão, sanfona e rabeca.
CULINÁRIA
A culinária mato-grossense, uma das mais tradicionais do Centro-Oeste, é rica em variedades devido as influências indígenas, africana, árabe e europeia. Usa-se ingredientes típicos da região, além de frutas como o pequi e a banana-da-terra. A galinhada, um arroz preparado com galinha e pequi, é muito apreciado. O peixe é um alimento farto, considerado um dos principais na mesa dos mato-grossenses, e pode ser preparado de várias maneiras como frito, assado, ou ensopado, recheado com farinha de mandioca ou servido com pedaços de mandioca. Os principais tipos de peixe são: o pacú, a piraputanga, o bagre, o dourado, a cachara, a jurupoca, o pacupeva, o pintado, e muitos outros.
A sobremesa fica por conta de deliciosos doces a base de frutas da região, como caju, mamão, limão, leite, cana-de-açúcar, entre outros.
(Crédito: G1 Mato Grosso - Tv Centro América)
Furrundu - Feito com mamão ralado, rapadura, gengibre, cravo e canela.
LINGUAJAR MATO-GROSSENSE
Mato Grosso é uma terra de vários sotaques. Com influência de Gaúchos, mineiros, paulistas, portugueses, negros, índios e espanhóis, o estado não tem uma fala própria. Em lugares como Sorriso, Lucas do Rio Verde e Sinop o acento do sul fica mais evidente. É claro que a influência se faz presente, até mesmo nas comunidades mais fechadas.
No entanto, em Mato Grosso, temos o falar cuiabano, talvez o sotaque mais marcado da língua portuguesa. Com expressões próprias como “vôte” e “sem-graceira” esse falar se mistura com uma entonação diferente, como a desnasalização no final de algumas palavras.
Devido ao seu enorme isolamento por conta da distância e acontecimentos históricos, o linguajar guardou resquícios do português arcaico, misturou-se com o falar dos chiquitanos da Bolívia e dos índios das diversas tribos do estado.
Antônio de Arruda descreveu algumas expressões idiomáticas que são verificadas num glossário do Linguajar Cuiabano:
• É mato - abundante.
• Embromador - tapeador.
• Fuxico - mexerico.
• Fuzuê - confusão, bagunça.
• Gandaia - cair na farra, adotar atitude suspeita.
• Ladino - esperto, inteligente.
• Molóide - fraco.
• Muxirum - mutirão.
• Pau-rodado - pessoa de fora que passa a residir na cidade.
• Perrengue - molóide, fraco.
• Pinchar - jogar fora.
• Quebra torto - desjejum reforçado.
• Ressabiado - desconfiado.
• Sapear - assistir do lado de fora.
• Taludo - crescido desenvolvido fisicamente.
• Trens - objetos, coisas.
• Vote! - Deus me livre
Fontes:
ARRUDA, Antônio. O Linguajar Cuiabano E Outros Escritos. Cuiabá, 1998.
LOUREIRO, Antônio. Cultura mato-grossense. Cuiabá, 2006
Site Governo de MT : http://www.mt.gov.br/cultura